29.12.07

O fio dos dias

“ E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado.
Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou – arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo as mãos para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediávelmente para trás. Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio.”


Excerto de "SPUTNIK, Meu Amor", de H. Murakami